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  • Foto do escritorCarolina Akerman

TDAH: o diagnóstico da contemporaneidade

Atualizado: 2 de abr. de 2018


O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, o conhecido TDAH é um diagnóstico cada vez mais popularizado, principalmente entre crianças com questões escolares, a condição no entanto, carece de especificidades clínicas.

Segundo Marino Pérez, psicólogo clínico e professor titular da universidade de Oviedo, não são estabelecidos critérios objetivos que nos permitem diferenciar o comportamento normal do supostamente patológico apenas avaliações subjetivas baseadas nas estimativas dos pais e professores sobre a frequência peculiar da desatenção das crianças.

Se um pai ou uma mãe perguntasse ao médico por que seu filho era tão desatento e inquieto, ele provavelmente responderia porque ele tem TDAH, e se ele perguntasse agora como ele sabe que tem TDAH, ele diria porque está desatento e inquieto. De acordo com Pérez, não existe um biomarcador que distingue as crianças com TDAH e não há condições neurobiológicas ou genéticas determinantes do TDAH.

Os diagnósticos continuam a ser feitos e os números são alarmantes: dez em cada cem crianças têm dificuldade de se concentrar durante as aulas, são inquietas e atraídas por novidades, gostam de atividades cada vez mais diversas e não conseguem se concentrar nas propostas, muitas vezes engessadas sugeridas pela escola. O resultado são notas baixas e dificuldade de lidar com tamanha energia tanto por pais como por professores. O tratamento indicado muitas vezes é a medicalização com cloridrato de metilfenidato, medicamento mais conhecido como Ritalina.

A ação desse medicamento contém estimulantes, que aumentam a liberação de dopamina (importante neurotransmissor precursor natural da adrenalina) em determinados circuitos do sistema nervoso central, ajudando a corrigir o funcionamento deficitário e auxiliando no controle da hiperatividade.

Os maiores problemas relacionados ao uso do medicamento estão no uso incorreto e no descuido no diagnóstico. Geralmente, psiquiatras e professores partem de uma análise estereotipada, baseada no senso comum: se é inquieto, tem TDAH; se é distraído, também. Muitos não utilizam o DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais) para diagnosticar o transtorno. Aí está o erro. Quando as análises são feitas erroneamente, o paciente passa a ser medicado, mesmo sem precisar.

E um dado chama atenção para os possíveis diagnósticos errados: a explosão de vendas do medicamento. Em oito anos (de 2000 até 2008), a comercialização anual de caixas de Ritalina passou de 71 mil para 1,147 milhões, sem contabilizar as demandas revendidas clandestinamente no País. O número coloca o Brasil como o segundo maior consumidor de metilfenidato do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Há pesquisas que relacionam o relacionamento financeiro de indústrias farmacêuticas com as instituições de saúde.

As causas do TDAH ainda são desconhecidas, mas acredita-se que está associado a disfunções de neurotransmissores, principalmente do sistema dopaminérgico e noradrenérgico, bem como fatores genéticos associados aos fatores ambientais, entre eles a alimentação. Existem também estudos que associam a quantidade ingerida de corantes com o diagnóstico de TDAH.


Fontes de consulta:

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