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Foto do escritorCarolina Akerman

O ócio digno.


Desde que comecei a escrever um texto por semana para a página da Focos Estudos Dirigidos os temas surgiram quase que espontaneamente e construí os textos com um embasamento teórico já planejado. Para essa semana, no entanto, já tentei escrever sobre dois temas e ainda não gostei dos textos a ponto de publicar.

Chegou domingo, que é o dia limite que me propus a publicar o texto e não tenho tinha um tema definido, resolvi então escrever sobre o "não tema", que em meus pensamentos se relacionam com o ócio.

O ócio muitas vezes pode ser criativo. Quando não estou pensando em nada, tenho as melhores ideias.

Para começo de conversa, procurei o significado da palavra ócio em dois dicionários, e os significados que achei mais pertinentes para começar a falar desse assunto foram os seguintes: vagar, folga, falta de trabalho, ocupação agradável em momentos de folga e ausência de ocupação.

Percebi que os 4o e 5o significados se contradizem em algum ponto pois enquanto o quarto diz que ócio é uma ocupação agradável o quinto aponta ócio como ausência de ocupação. Ambas são perspectivas interessantes que podem levantar discussões acaloradas. O objetivo deste texto, no entanto, será questionar a importância do ócio na educação, formação e desenvolvimento saudável das crianças.

As questões acerca do desenvolvimento infantil mudam a cada geração porque com a evolução tecnológica, novas demandas surgem: desde ensinar ou controlar o acesso das crianças às tecnologias (o que vem acontecendo cada vez mais cedo), até a ansiedade dos progenitores que planejam a vida de seus filhos desde muito pequenos propondo às crianças diversas atividades extracurriculares. É comum conhecermos crianças com "agendas lotadas" e rotinas tão ou mais intensas que a de adultos.

Diante dessa constatação, muitas vezes falta tempo para brincar. Um brincar livre, no qual a criatividade infantil pode correr solta e os jogos simbólicos ensinam a problematizar a realidade.

O brincar, além de ser uma das atividades fundamentais para um bom crescimento e educação de crianças, é uma forma de linguagem e é estímulo à diversos aspectos cognitivos importantes tais como atenção, coordenação e memória. Ao brincar, as crianças amadurecem competências para a vida coletiva no contexto cultural no qual se encontram Wajskop (1997). O brincar tem também função de lazer e descanso para as crianças, é um ócio digno no sentido de ser uma atividade merecida por todas as crianças, já que todos os seres humanos merecemos momentos de lazer.

Na literatura os teóricos Henri Wallon, Jean Piaget e Lev Vygotsky investigaram o desenvolvimento infantil sendo que cada um deles tem uma concepção e classificação particular acerca dos jogos e brincadeiras na infância. Os três, no entanto entendem que o brincar/ jogar é de grande importância no desenvolvimento infantil.

Há três semanas escrevi um texto sobre a criatividade e nele disse que em uma das fases da criação temos que anotar nossas ideias, mesmo as mais absurdas. Será o ócio um momento para as ideias virem?

Assim como os adultos precisamos de momentos de descanso e ócio as crianças também precisam, e usam o brincar também para descansar. O brincar para as crianças é o ócio digno. Elas merecem e precisam!

(Para ilustrar esse texto escolhi uma pintura do Picasso, chamada Claude e Paloma brincando. Nessa pintura o pintor espanhol retratou suas filhas brincando, mais do que isso em seu estilo gráfico mostrou mundo desimpedido da brincadeira e da fantasia peculiares do universo infantil.)


Referências:

Como referência para esse texto eu usei uma parte da minha iniciação científica que fiz durante a faculdade de psicologia da PUC no ano de 2009 com o título (A concepção de profissionais da Educação sobre) a utilização do jogo na escola como dinamizador do processo educacional no ensino fundamental II, que virou o capítulo do livro Cognição Afetividade e Moralidade.

e para a minha iniciação científica eu usei: Wajskop, G: Referências Curriculares Nacionais para Educação Infantil.Brincar. Versão preliminar,Dezembro 1997

Imagem: http://art-picasso.com/1950_1.html

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