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  • Foto do escritorCarolina Akerman

A criança e a tecnologia

Atualizado: 19 de mai. de 2018


Escrever sobre os limites do uso das novas tecnologias na infância é um grande desafio, já que é um assunto bastante abordado atualmente e é uma preocupação constante de familiares e educadores.

Recentemente ouvi em uma conversa descontraída de bar, sobre um adulto que estava com um bebê de menos de dois anos no colo olhando um passarinho pela janela. O passarinho estava distante e o bebê, com os dois dedos na janela, tentou aumentar a imagem, como atualmente fazemos nos tablets e celulares.

A discussão na mesa de bar se acalorou, eu mesma fiquei surpresa com o relato, e os presentes (todos na faixa dos 30 anos como eu) entramos num saudosismo da época de infância, que brincávamos na rua e andávamos de bicicleta. Mentira, lembramos. Brincávamos na casa dos nossos amigos em prédios com grades altas e andávamos de bicicleta no prédio, no máximo em parques (provavelmente aos finais de semana e sempre acompanhados de algum responsável); lembramos também que muitas vezes as nossas brincadeiras na casa dos amigos era passar a tarde jogando alguma versão da Nintendo sem piscar os olhos por muito mais de duas horas (o tempo recomendado, segundo cientistas, para crianças de 6 a 11 anos ficarem diante dos eletrônicos), essas tardes eram regadas por bisnaguinha e toddynho, (que contém farinha branca enriquecida de gordura trans, glúten e aditivos químicos que eu não faço ideia do nome e leite feito em laboratório lotado de açúcar refinado).

Imaginar a cena do bebê tentando aumentar uma imagem real me chamou a atenção porque penso que essa criança conheceu e se informou sobre pássaros apenas por meio de uma tela que ela tem o controle de aumentar, diminuir ou desligar. Diante da experiência de um pássaro de verdade ela quis se aproximar, e pensou ter o controle de fazê-lo apenas mexendo os dedos.

A experiência, segundo o professor espanhol Jorge Larrosa é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca; não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca, ou seja, é o modo único e peculiar que cada ser humano reage aos acontecimentos que passam durante a vida.

Acredito que muito da discussão sobre o uso das tecnologias para as crianças é que o tempo de uso é um tempo a menos de experiência "real". No entanto, se o uso dos eletrônicos forem contornados pelos adultos, podem, em vez de reduzir a experiência, ampliá-la. Chamo de contorno dos adultos o uso supervisionado e com finalidades de exploração e descobrimento de novos repertórios e novas descobertas. Isso pode se dar na comunicação com amigos e familiares, na pesquisa em temas de interesse, no uso de jogos e até mesmo no uso de redes sociais. O uso excessivo dos eletrônicos pode ser substituído por outras atividades prazerosas (para as crianças e adultos), como atividades artísticas, leitura, esportes e meditação.


Imagem: Dashboard

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