Aprender e incorporar os conhecimentos nem sempre é prazeroso. Algumas vezes, por mobilizar e desestruturar saberes que antes estavam acomodados, podem gerar desconforto nos estudantes. A aprendizagem, no entanto, precisa fazer sentido, de modo que incentive o estudante a caminhar em seu processo, mesmo que tire o aprendiz de sua zona de conforto. A aprendizagem significativa se caracteriza pela interação entre conhecimentos prévios e conhecimentos novos. Nesse processo, os novos conhecimentos adquirem significado para o sujeito e os conhecimentos prévios adquirem novos significados ou maior estabilidade cognitiva. Uma questão que percebo desde que era estudante e mais enfaticamente desde que trabalho com educação é a dificuldade na aprendizagem da matemática, desde os primeiros anos do ensino fundamental até os estudos pré vestibulares, necessários também para os jovens que escolhem áreas humanas ou da saúde. O famoso desgosto pela matemática se instaura em alguns estudantes e passa a ser um estorvo por muitos anos. Isso acontece porque os primeiros contatos com a disciplina se dão de forma automática e desarticulada do cotidiano. Uma vez que os saberes matemáticos são alinhados com a realidade do estudante o conhecimento passa a ser necessário para o uso social e não apenas para evitar a recuperação na escola. Aprender um novo conteúdo não deve ser sempre animador, mas é muito importante que seja significativo socialmente, ou seja, que o motivo daquele novo aprendizado (que muitas vezes desestabiliza a zona de conforto) esteja claro e que faça o estudante querer avançar no conhecimento. Ao longo da história algumas teorias para o ensino da matemática foram desenvolvidas. Em um primeiro momento, a concepção clássica o sujeito (ou estudante) como uma tábula rasa, isto é, que não possui conhecimentos prévios relacionados com os conteúdos a serem apreendidos. A ideia principal de aprendizagem, diante dessa perspectiva, consiste no domínio dos procedimentos formais e na acumudação dos conhecimentos, desse modo a resolução de problemas tem como objetivo principal o treino do procedimento aprendido. A concepção clássica, no entanto foi questionada pela reforma da matemática moderna que foi um movimento de renovação curricular que criticava a concepção clássica que apesar de demonstrar estabilidade de conteúdo e metodologia em livros e programas de ensino, de certa forma "adestrava" os alunos em fórmulas e cálculos sem aplicações; apresentar a Matemática em ramos estanques e isolados. A principal referência teórica da matemática moderna foi Psicologia Genética Piaget e o estudante passou a ser visto como um sujeito psicológico com peculiares processos e estruturas cognitivas. A aprendizagem e a aquisição de conhecimentosse produzem por construções sucessivas que se dão pela interação desse sujeito com o meio. As escolas ainda estão longe de propiciar aprendizagem significativa de matemática para os estudantes do ensino fundamental, vale então a reflexão: se tornarmos a aprendizagem significativa, a matemática, mesmo para quem "é de humanas" deixará de ser um estorvo!
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